“Diversidade é ponto central de todas as nossas políticas”

Ministério da Cultura ,
16 September 2015, Brazil

 "A diversidade cultural e o audiovisual" será um dos temas debatidos durante o Seminário Cultura e Desenvolvimento, que ocorrerá no Rio de Janeiro, entre 21 e 23 de setembro. O evento, promovido pelo Ministério da Cultura e pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) irá celebrar os 70 anos da Unesco e 10 anos da Convenção sobre a Proteção da Diversidade e das Expressões Culturais.

O secretário do Audiovisual do MinC, Pola Ribeiro, irá mediar mesa sobre esse tema, que também contará com a presença das palestrantes Rosana Alcântara e Silvia Cruz. Em entrevista ao MinC, Ribeiro explica que o audiovisual é a plataforma na qual transitam todas as diversidades culturais e o espaço onde a "potencialidade da diversidade pode dialogar planetariamente".

"O fato é que a experiência de filmar não é mais a experiência de cineastas. A experiência de filmar passou a ser uma experiência coletiva.  Então a diversidade já está dada, na realidade, por uma tecnologia", defende. "Nós, do Ministério da Cultura, temos que nos esforçar para buscar uma política pública que dialogue com essa experiência coletiva da diversidade audiovisual", completa.

As oito mesas de debate realizadas durante o seminário, com palestrantes de renome nacional e internacional, são gratuitas e abertas ao público, mas é necessário realizar uma inscrição prévia, sujeita a lotação do espaço.

Confira a entrevista

1. Qual a importância do Seminário Cultura e Desenvolvimento?

Pola Ribeiro: A importância é, na verdade, colocar a cultura dentro do processo de desenvolvimento dos países - do Brasil, das regiões, dos territórios. Que papel tem a cultura como potencializador dos processos de desenvolvimento dos países? A cultura fortalece a aventura do conhecimento, a economia, a sustentabilidade de cada lugar. A cultura dá a possibilidade de sair de uma monoeconomia para uma economia multifacetada. É preciso pensar no desenvolvimento com cultura, com o crescimento das individualidades, da simbologia, do processo de liberdade, do processo de construção conjunta, do processo de produção colaborativa. É preciso criar um novo pacto para a humanidade. E a cultura tem um papel fundamental nisso. Então esse Seminário é importantíssimo para dar um marco histórico para todas essas questões.

2. O senhor vai mediar uma mesa sobre Diversidade Cultural Audiovisual. Como é possível garantir a presença de manifestações culturais da diversidade cultural brasileira no setor audiovisual, que medidas já existem nesse sentido e que medidas ainda podem ser adotadas?

Pola Ribeiro: O audiovisual é a plataforma na qual transitam todas as diversidades. No Brasil hoje é difícil encontrar uma pessoa que ainda não teve a experiência do filmar. Todo jovem brasileiro já filmou – com o seu celular, com o celular do colega, com o celular do pai, com o celular que ele arrumou de qualquer forma. O fato é que a experiência de filmar não é mais a experiência de cineastas. A experiência de filmar passou a ser uma experiência coletiva.  Então a diversidade já está dada, na realidade, por uma tecnologia.

Nós, do Ministério da Cultura, temos que nos esforçar para buscar uma política pública que dialogue com essa experiência coletiva da diversidade audiovisual. Dialogue na formação – cultural e audiovisual -, na forma de transmitir essas experiências. 

A política pública do audiovisual deve pensar em tudo isso. Pensar, por exemplo, na preservação desses conteúdos audiovisuais. Se todo mundo filma, se tem uma quantidade imensa de conteúdo sendo produzido, o que deve ser arquivado? O que deve ser preservado? O que tem que ser descartado? Como o poder público se relaciona com isso? Além de linguagem, de expressão e de comunicação, o audiovisual hoje é uma plataforma para todas as redes, para outras políticas, para manifestações culturais. É no audiovisual, então, que a diversidade brasileira pode - mais do que qualquer outra linguagem - dialogar. Diria mais: é no audiovisual em que a potencialidade da diversidade pode dialogar planetariamente.

3. Que benefícios a garantia da diversidade cultural traz para a sociedade brasileira e para o setor produtivo do audiovisual?

Pola Ribeiro: A diversidade é uma garantia de sobrevivência da humanidade. Se todos os seres humanos fossem absolutamente iguais, uma gripe qualquer mataria todo mundo de uma vez só. Então, na verdade, a gente tem que acreditar no potencial da diversidade e o Brasil, mais do que outros países, porque é um lugar onde tem uma diversidade imensa, tanto social, como cultural, territorial e linguística. Por mais que a gente fale que o Brasil é um país, uma unidade linguística, é um país onde coabitam mais de 200 línguas indígenas, mais grupos libaneses que ainda falam libanês, grupos chineses que ainda falam chinês etc. A diversidade é, então, o ponto central de todas as nossas políticas.

 

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